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terça-feira, 10 de julho de 2018

Cruzamento na área


Talvez uma das grandes belezas da vida é rever situações, momentos, vivências e colocá-las em perspectiva, a partir dum ponto depois. Milton Nascimento e Beto Guedes diriam que "nada será como antes, amanhã". E, Cláudio Coutinho, treinador brasileiro em 1978 e muito responsável pelo trio Andrade, Adílio e Zico, no Flamengo dos anos oitenta - o único Flamengo que realmente existiu - criou num linguajar próprio a ideia de "ponto futuro", onde o jogador desenhava a jogada e o passe pensando na posição futura do companheiro de time, jogava a pelota para um lugar no espaço, mas num ponto mais adiantado da história, mudando as possibilidades do jogo e mudando o passado, porque o êxito desta jogada dependia essencialmente da leitura feita a posteriori. A vida, a vida tem o ponto futuro e, o mais bonito, é que este futuro reconstrói, "renarra" e, até, revida.

Olhando para a copa daqui deste fim de terça feira, primeiro jogo das semifinais encerrado, as partidas de Brasil, Bélgica, França, Uruguai, Argentina e México ganham outras cores, outras análises. A partida de hoje, que muitos vão dizer, escrever, beber, repetir, que se tratou de um jogão, uma batalha técnica e tática, foi, na verdade, um jogo infernalmente chato entre duas equipes que ficaram se estudando durante noventa anos, com obviedades de lado a lado, a estagnação das surpresas belgas e a confirmação do amadurecimento do time francês, quase o mesmo que perdeu da Alemanha aqui no Brasil em 2014 e conseguiu a proeza de perder em casa para Portugal, sem Cristiano, uma Eurocopa. Resta, portanto, um gosto amargo. Tivesse o Brasil tido um pouco mais de rebolado contra a Bélgica teríamos chances de bom jogo contra franceses.

Tite falhou no jogo com os belgas. Apesar das escolhas corretas do técnico espanhol do selecionado dos diabos vermelhos, das boas partidas de Kompany, Lukaku, Hazard e De Bruine, Tite errou na manutenção de um esquema de jogo excessivamente compartimentado. A insistência com Gabriel Jesus, como que para provar que era coerente, justo, monogâmico, levou o time a perder uma das três substituições no segundo tempo do jogo. Ao tirar Willian e botar Firmino, o treinador brasileiro teve que trocar Gabriel por Douglas Costa antes dos quinze minutos porque o time não reagia. A manutenção de Willian, a troca de Gabriel, seria a troca mais óbvia. Willian tinha sido peça chave na vitória contra o México, trocando de posições com Neymar, fazendo ações pendulares que tanto faltaram ao time em outros jogos. Gabriel destoava, porque não treinou para ser este jogador pelos lados. E, como centroavante, fez uma copa aquém de suas possibilidades. E, a partida de Neymar e de Coutinho contra os belgas era ruim. Douglas Costa poderia ter entrado no lugar de Neymar, por exemplo, para confundir o time adversário que certamente apostava na manutenção custe o que custar do astro brasileiro. Ou, tirando Coutinho e recuando Neymar para aquela função. Ou, num bumba meu boi final, colocar Douglas, Neymar, Firmino, Coutinho, Lula, Willian, todo mundo para tentar o empate.  Sem contar Paulinho e Fernandinho, que desde o primeiro tempo davam sinais de um desentrosamento perigoso e que o setor precisava de ajustes, ou de Renato Augusto ou de alguma outra opção ali pela volância, essa área nobre do campo que as vezes a gente esquece ou acha desimportante.

Olhando em perspectiva, também, a partida contra o México não foi a beldade que muitos, quase todos, eu incluso, vimos. O México tinha os méritos de ter ganho da Alemanha na estréia, mas tinha o colapso de ter tomado três gols dos suecos... Ou seja, em perspectiva nossos pontos futuros não deram certo.

Isso não quer dizer que foi tudo ruim. A Bélgica escolheu bons caminhos, mereceu a vitória. A partida brasileira poderia ter sido mais inspirada, mas foi uma partida disputada e sem dúvida muito melhor que outras eliminações mais recentes. Neymar fez uma boa copa, não excelente como prometia aquele jogo contra o México. Assim como Coutinho que se apagou na fase eliminatória. Já Miranda e Tiago, mais Tiago, fizeram um copa exemplar. E Casemiro, que tomou um amarelo bocó, é um jogador que se mostrou essencial. O trabalho de Tite foi ruim? Óbvio que não. Mas é evidente que equívocos na convocação, equívocos de leitura de jogo, erro no trato com suas "coerências" não podem ser colocados no escaninho do arquivo morto. Sem contar a chatice napoleônica.

A defesa que Lloris, o arqueiro francês, fez numa bola de um dos belgas no primeiro tempo da partida de hoje ganhou a vaga. Assim como a defesa no jogo do Uruguai. Pode parecer que o imenso goleiro belga contra o Brasil tenha sido decisivo para a eliminação. Talvez. Mas as duas defesas de Lloris, em momentos absolutamente chave dos jogos franceses, mantiveram a cidadela francesa em pé quando o gol definiria outra realidade menos morta para uruguaios e belgas...   

Sem contar que o mesmo Coutinho tinha a jogada imortalizada do "overlapping", quando lateral descia trocando de posição com o ponta, jogada que fez uma falta cascuda para os brasileiros e belgas nesta copa: Jorge Wagner, pela esquerda em profundidade, recebe o passe do Hernanes, vai no bico da grande área e cruza para o gol de Borges.

10 de julho, 2018. França e Bélgica.





  

terça-feira, 3 de julho de 2018

Chatonildo da Silva Quadros


Já escrevi várias vezes, inúmeras, que a única copa do mundo que realmente existiu foi a de 82. Na copa da Espanha nossas sedes foram Sevilla e Barcelona, tínhamos material esportivo da Topper e um dístico de "Café do Brasil" na camisa. 

Os goleiros foram Waldir Peres, do São Paulo, Paulo Sérgio do Botafogo e Carlos, da Ponte Preta. Waldir ganhou a posição numa série de amistosos na Europa, onde o time de Telê assombrou a Europa numa excursão pelo continente ganhando de Inglaterra, França e da Alemanha, pegando dois penais contra o time germânico. Os laterais eram Leandro, do Flamengo, Edivaldo, do Fluminense, Júnior, do Flamengo, Pedrinho, do Palmeiras. Na zaga, Oscar do São Paulo, Luisinho do Galo, Edinho do Fluminense e Juninho da Ponte Preta. Os volantes eram Cerezzo, do Galo, Batista, do Internacional, Falcão, da Roma, Paulo Izidoro do Grêmio. Os meias, os geniais Sócrates do Corinthians e Zico, do Flamengo, mais Renato do São Paulo e Dirceuzinho da Udinese. No ataque, Serginho do São Paulo, Éder do Galo e Dinamite, do Vasco. Careca, do Guarani, foi cortado por contusão. Telê era o técnico e Gilberto Tim o preparador físico. As narrações de rádio eram de José Silvério na Pan, Osmar Santos na Globo, Fiori na Bandeirantes. E Silvio Luís narrou na rádio Record, porque a Globo teve exclusividade nas transmissões. 

Escrevi as linhas deste texto maltratando o teclado com rapidez, avidez, saudade, até curso de datilografia fiz naqueles tempos. Posso ter errado algum jogador, algum time, não "guglei" nada. Mas o fato é que este selecionado ocupou as minhas fantasias por muitos anos, era o meu time de botão do Brasil, um daqueles bonitos, redondões, azul. Além desses o time também tinha Andrade e Adílio do Flamengo, Mário Sérgio do Internacional - e depois do São Paulo, o Reinaldo do Galo, Paulo César Capeta do São Paulo e o Chicão, que acho que já estava no Galo ou no Santos, mas o Chicão que jogava no meu time era sempre o Chicão de 77, do São Paulo. E, evidentemente, tinha o Zé Sérgio do São Paulo, sempre e sempre, em qualquer jogo. 

Sofro de nostalgias. A defesa de Zoff, no ultimo minuto do Sarriá, defendendo a cabeçada de Oscar mudou o mundo. Tenho absoluta certeza que se aquela bola entra ganhávamos o caneco, a emenda Dante de Oliveira, a das Diretas Já, tinha passado e o Brizola não perdia a eleição de jeito nenhum, o São Paulo teria sido tricampeão paulista, teria filme do 007 com o Roger Moore pelo resto dos anos e, de quebra, Gorbatchov nunca teria ascendido carreira no PC soviético. 

Sou incapaz de dizer quem são os 23 do Tite. Aliás, confesso, seria incapaz de fazer uma convocação alternativa, chamando outros jogadores que não os do São Paulo. Para mim, a seleção era Sidão, Nenê, Liziero, Shaylon, Bruno Alves, Diego Souza e Jucilei. Não assisti a nenhum jogo da eliminatória, só vi os últimos minutos do jogo contra o Peru na Copa América, que perdemos e nos desclassificamos, acho que na primeira fase. Não vi as Olimpíadas, mas sei que Rodrigo Caio foi fundamental para o caneco. O fato, concreto e óbvio, pouco posso opinar sobre escalações, tática, música tema. Posso especular, apenas, e comentar um pouco dos jogos desta copa.

Tite é um excelente técnico. Irritante, até. Os times jogam com uma volúpia que se satisfaz com um gol. Pode parecer chato, quando o assunto é seleção e todo mundo acha que a seleção não é um time e sim uma constelação que tem obrigação de jogar um tal jogo "bonito". Mas é assim, pragmático assim, que Tite fez fama e deitou na cama. Mas isso não o impede de ser um chato imperial, com um papo de motivador pastor que enche os pacovás desde sempre. Mas, acho, pelo que via no Corinthians, que ele devia ser mesmo o treinador.

O time é bom. Fez jogos titênicos: a rigor, na primeira fase passou algum sufoco contra Suíça, depois do gol de empate, e contra a Sérvia, já ganhando de um a zero quando o empate favorecia o time brasileiro. Um time excessivamente compartimentado, entretanto, com jogadores excessivamente fixos exceto Coutinho, que gastou a bola. Com Casemiro, Miranda e Tiago jogando muito bem. 

Contra o México, fizemos, acho, a melhor partida de uma seleção brasileira desde a final de 2002. Ainda que o adversário não fosse um supertime e praticasse um jogo que favorecia o estilo de jogo titênico, o fato é que o time jogou serenamente, bem, firme. Tiago Silva, que eu nunca achei essa maravilha toda, fez uma partida de Scirea, de Canavaro, de Aldair e Márcio Santos. Casemiro é dono de uma faixa do campo e exerce o mandato com uma segurança invejável. Tomou um amarelo meio bocoió e fará falta na próxima fase. Willian foi o jogador que é importante no Chelsea, saindo da ponta direita onde estava sumindo. Trocando de posição com Neymar e Gabriel, Willian se soltou. Foi muito bem.

E Neymar. Minha antipatia por ele certamente afeta qualquer julgamento. Esta antipatia tem muito a ver com o fato dele ser excelente jogador, de fazer o São Paulo perder a hegemonia nos jogos com o Santos, a ponto de termos perdidos todos os jogos eliminatórios nesses anos de Neymar por lá. Uma antipatia que também é despeito. A gente é assim. Acho o Neymar um bolha, o bolha transcendental. E como não vi muitos jogos da seleção com ele, só os da copa passada, acho que ele fez a melhor partida dele na seleção. Jogou para o time, foi abusado onde devia ser. Talvez, individualmente, uma exibição pela seleção que permite colocá-lo no mesmo palco de Romário, Ronaldo e Rivaldo. Vou continuar torcendo contra ele nos confrontos do Paris St. German, no Real Madri, ou para onde ele for. Vou seguir achando que Cristiano e Messi, e Nenê, são melhores que ele. 

Mas que faça os meninos aqui de casa sorrirem e, quem sabe, escalarem ele nos times de botão. Mas, com sorte, Aguirre ponha o menino Toró no time titular que vai ganhar o sétimo caneco e pronto: a dez vai ser dele.


02 de junho, 2018. Brasil e México. Bélgica e Japão.







quinta-feira, 28 de junho de 2018

"Lateral é meio gol!!!"


Na TV Gazeta, antes do maravilhoso programa do Ronnie Von, muito antes, num tempo onde as tardes eram ocupadas pelo "Mulheres em Desfile", apresentação de Ione Borges e Claudete Troiano, um verdadeiro percursor de tudo o que é programa vespertino de televisão, o grande barato eram os programas de mesa redonda de futebol. 

O formato era descaradamente clubista, com todos os apresentadores representando ao menos um dos grandes times paulistas. Peirão de Castro, santista. Alfredo Borba, corintiano. Milton Peruzzi, palestra. Luis Noriega, São Paulo. Desconfio que o Fernando Solera também era São Paulo. E tinha o Orlando Duarte, Portuguesa. Não lembro se Orlando estava nas mesas redondas ou só ocupava as transmissões da Pan, como comentarista dos jogos narrados pelo estupendo José Silvério, quando a Pan era uma rádio de verdade e não esta sucursal da estupidez galopante e hidrófoba que é hoje. 

Eram duas versões, que me lembre, e as memórias são sempre isso, um afeto e nunca um teipe completo que repete os exatos: uma noturna, aos domingos, depois do Gigantes do Ringue - um desses vale tudo fantasia, avô bastardo dos MMAs que hoje ganham o mundo com regras e muitos dólares, e antes do videoteipe do jogo da rodada - a Gazeta não transmitia os jogos ao vivo, transmitia um videoteipe, com narração do Peirão ou do Solera - e uma versão diária, matinal, na hora do almoço. Cabulei aula, no meu primeiro ano de colegial, ou ensino médio para os mais atualizados, ou clássico e científico para os mais de antanho, várias vezes para ver o programa da Gazeta, que era no prédio onde eu estudava. Gazeta na gazeta, devia ser o nome do programa dos estudantes. 

No fundo, camaradas, somos todos torcedores, na dor, no amor, na economia, na cerveja, na política, no futebol e na porrinha. O formato descaradamente clubista do programa garantia bons debates, quebra paus homéricos. Mas evitava esse tipo de "isenção" ou "neutralidade" que tanto cagam e mancham de cocô as análises do suposto jornalismo brasileiro. Aparentemente aquilo podia ser simples ou simplista, não tinham os gráficos, as análises de desempenho, os números de passes certos, os números de gols onde o chute foi no meio do gol, não tinha "mapa" de calor para mostrar a movimentação dos jogadores em campo. Mas a gente sabia que o Dicá era mais preciso nos lançamentos, que Andrade nunca errava passe, que Paulo César Capeta dava um calor dos infernos nos laterais esquerdos, que os times do Telê gostavam de ter mais a posse de bola e que os times do Minelli eram fechados, bem armados, prontos para um golpe letal. Ninguém enchia o saco com as estatísticas de quantas vezes a chuteira do pé direito de fulano tocava na bola e nem das oitenta vezes que o time que jogava de azul conseguia a virada quando chovia em Estrasburgo. O dois a zero era um resultado perigoso e onde passava um boi passava uma boiada, eram as filosofias certeiras do Juarez Soares, que só não participava como mais um corintiano na mesa redonda porque era de outra emissora.

O grande problema das análises do time de Tite é que poucos dizem os óbvios, aqueles óbvios que são ditos por torcedores comendo pernil. Tentam dar planilhas onde deviam dar mortadela. O time de Tite é bom, ganhou três jogos e a rigor passou apuro um pouquinho contra a Suíça, depois do gol, e um pouquinho no segundo tempo contra a Sérvia. No resto foi o Tite de sempre. O técnico é o Tite, os times dele jogam assim, na segurança, a volúpia do um a zero. Se Coutinho e Casemiro estão a gastar a pelota, sendo Coutinho o super trunfo do pacote, o time tem presepadas. Falta ao time do Tite rebolado, gente que se mexe, alterna de posições no ataque. Que se libere Marcelo para flutuar e viver a vida loca de Real e que Tiago e Miranda se virem para dar cobertura. Que Neymar deve as vezes trocar com Willian de posição e que Willian, pelo amor de todos os deuses e deusas do universo, não pode ficar só no lado direito do campo, porque qualquer hora ele sai pela linha lateral e ninguém vai perceber. Aliás, pelo talento que tem, Neymar pode inclusive jogar de centro avante, trocando com Gabriel, e pelo meio, trocando com Coutinho. É um desperdício confinar o onze santista num lado só do campo, mesmo quando ele ziguezagueia pro meio parte de um lado só. E tem Firmino, entra Firmino. Enfim, mais remelexo menos missa. E que Tite convocou errado...

Não levar o Reinaldo do São Paulo fez o Brasil perder aquele lance de gol gerado pelo lateral batido lá no meio da área, para um bumba meu boi deus nos acuda na área adversária. O leitor pode rir, mas com um a zero, precisando empatar, quarenta e dois do segundo tempo, tem mais chance quem se desespera sem pudor, um beijo de batom vermelho e com mais bola na área saravá meus orixás.

27 de junho, 2018. Brasil e Sérvia. Costa Rica e Suíça. Suécia e México. Coréia do Sul e Alemanha.








domingo, 24 de junho de 2018

Amarrações para o amor


Muito e muito se fala do drama argentino nesta copa. Do drama brasileiro, menos dramático, mais novela das oito, mas drama. O drama alemão, atenuado no milésimo final de uma partida em que a toalha já teria sido jogada fossem outros dramas. O drama italiano, que nem para copa veio. E todo jogo da Celeste é um drama. Queria falar de outro drama, porém, que parece não existir nos cérebros mais retilíneos. Mas existe, com a força repleta de ancestralidades...

No fim do jogo entre alemães e suecos, o juizão dando cinco minutos de acréscimos, pensei duas cousas: a primeira, era muito tempo para a Suécia se segurar. A segunda, caçarola, o México, vai sobrar para o México. Osório é nesta copa o São Paulo Futebol Clube de "sombrero", sabemos.

O gol alemão no fim, do cara que nunca erra passe e quando erra passe faz gol no último milésimo e se redime zerando a estatística, colocou água na tequila do grupo. O México fez uma partida muito linda contra a Alemanha e ganhou dos coreanos do sul numa partida relativamente tranquila. Mas tomou um gol no fim, diminuindo saldo. Vai para a rodada final com saldo de dois gols, seis pontos. E pega a Suécia, um time burocrático, mas saidinho - foram os suecos que eliminaram os italianos da copa e quem elimina a Itália merece o benefício da dúvida, sempre. A Suécia tem saldo zero, três pontos. Na outra ponta, Alemanha, três pontos e zero de saldo, contra a Coréia do Sul, zero ponto e dois negativos de saldo. Em tese, todos com chances. Mas com um olhar otimista para os mexicanos. E aí reside o drama, no otimismo. O otimismo é para os latino americanos o equivalente ao "só que não" das redes sociais.

Dos povos que tem o futebol como segunda pele, é o México que carrega o fardo mais pesado de falhar em momentos agudos. Os de memória mais pródiga vão lembrar de eliminações impossíveis, como a da copa passada, quando o México perdeu o jogo das oitavas para a Holanda numa reviravolta inacreditável, num jogo onde parecia impossível que perdessem. E notem, passando pelos holandeses, enfrentariam pelas quartas a Costa Rica, um adversário que o México enfrenta todo ano, conhece esquema, capital, aeroporto, pina colada. Era caixa a vaga na semifinal. 

O fato é que México e Suécia tem tudo para ser o jogo mais dramático de todos os tempos. A Alemanha ganhando da Coréia e fazendo saldo, e no jogo de cá aquele empate com bola na trave, juiz errando penalti, o VAR mais complicando que ajudando, torcida gritando. E Osório lá, pensando no que fazer. Osório, o profe, é o único capaz de levar o México ao delírio supremo: não descarto sequer o caneco. Mas, sei lá, num rompante tira o lateral mete um centro avante, recua o ponta para marcar e transforma em autopista libre de percalços uma das alas do campo...

Osório, um empatezinho e estamos lá. Só um empate. De qualquer forma já vou amarrar umas revistas suecas antigas e fechar as amarras num cadeado velho.


23 de junho, 2018. Alemanha e Suécia. México e Coréia. Bélgica e Tunísia.





domingo, 17 de junho de 2018

Zétti, De Sordi, Oscar, Mauro e Noronha. Rui, Bauer e Zizinho. Muller, Leônidas e Careca.



A camisa que tenho da seleção do Brasil é a branca, de 1950. Comprei numa dessas lojas que vendem camisa "retrô". Depois do Maracanazzo nunca mais o Brasil jogou de branco. Gosto de pensar que a minha camisa era a do Bauer, centrocampista que teve a alcunha de "Monstro do Maracanã", um dos poucos que se "salvou" da tragédia. Bauer faz parte de um dos poemas mais bonitos do ludopédio: Rui, Bauer e Noronha, linha média do São Paulo dos anos quarenta.

A camisa branca também podia ser também do Mestre Ziza, o Zizinho, o dez de cinquenta. O mestre foi o Zé Sérgio do Édson Arantes, li certa vez. Comparado a Picasso e a Da Vinci, Zizinho foi um jogador espetacular, capaz de proezas múltiplas. Vindo do Bangu, do estádio de Moça Bonita, que tem como nome oficial, de batismo, "Proletário Guilherme da Silveira" - só pelo nome do estádio o Bangu devia ser campeão todo ano -, Zizinho foi o maestro do time campeão paulista de 1957 e até hoje o Pacaembú nunca mais viu um time tão espetacular. Tinha o mestre mais de trinta e cinco em 58 e por isso, provavelmente, não foi cotado para compor o selecionado de 1958, o primeiro campeonato brasileiro da Jules Rimet, num time potencialmente impossível: Pelé, Garrincha e Didi. Fosse Zizinho um aninho mais novo e o menino Pelé talvez não fosse para a Suécia. 

Em 58, jogamos de azul. Ao menos a final foi de azul. Era a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, segundo um dos dirigentes. Nos teipes, nas gravações de rádio, nas letras de Nélson, no Museu do Futebol, o time de cinquenta e oito é um estupendo avanço civilizatório, uma alegoria da imensidão que o Brasil poderia ter sido, entre acordes de bossa nova e a folha seca de Didi. O amarelo, portanto, vem depois. 

O amarelo tem causado muita crise existencial,sabemos, de uns tempos para cá. Houve uma apropriação indevida da camisa, da cor e da história e esta tristeza entope as coronárias. Mas quem nunca se emocionou com a mão levantada de Reinaldo e seu gol contra a Suécia? Ou no soco no ar de Pelé? Ou o Doutor, naquele lindo gol contra a Itália? O cacete da história é que a composição de narrativas contraditórias por vezes nos fazem esquecer das essências das cousas. Desde Fried, depois com Leônidas da Silva, da rádio Nacional, das narrações de Ari Barroso, o futebol e a seleção são nossos marcos de identificação cultural e de história, como definidor de nossa gente, como Pixinguinha, Tom Jobim, Milton Santos, Machado de Assis, o samba, os memes. Não temos as Ilíadas, por falta de idade e porque mataram nossos índios ancestrais. Mas temos o chapéu de Pelé no atônito zagueiro galês. Ou o gol de pé descalço contra a Polônia, do nosso Diamante debaixo duma chuva de dilúvio.

No sábado, Marco e Leonel, meus filhos, me pediram para comprar camisas da seleção. E ainda por cima questionaram a minha falta de simpatia, para ser eufêmico, com o time brasileiro. Não adiantou muito qualquer argumento. A simples lembrança do time de Telê e dos abraços que dei em meu pai durante os jogos de 82, me derreteram. Eu tenho direito de negar aos dois este picolé, este chicabon, esta groselha com gelinho na praia em dia de sol? 

Compramos as camisas, no museu do futebol, no mítico Pacaembu. Uma preta de goleiro, uma azul de treino. Sem patrocínios, nem oba oba. E vestimos hoje, eu com a velha camisa branca.

Durante a partida, lá pelas tantas, televisor com som desligado e rádio no talo, daquelas alegrias sem preço, depois de um pombo sem asa e sem direção de algum jogador do time de Tite: "Pai, tenho certeza que se fosse o Shaylon tinha sido gol". 

E concordamos de forma inequívoca que Sidão não tomaria nunca aquele gol de empate.


17 de junho, 2018. Brasil e Suíça. Alemanha e México. Sérvia e Costa Rica.




domingo, 6 de julho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - Vinte Mais Cinco



Talvez a grande função mítica do domingo seja a de discutir o futebol. Uma imensa mesa redonda. Sim, é verdade que escolhem os domingos para festas pagãs, como dia disso, dia daquilo, dia daquilo outro. Também é verdade que as forças do atraso escolhem o domingo para infestarem aparelhos de televisão com aleivosias, bundas, peitos, machismos todos. E tem a visita aos parentes, no domingo. E tem também o jogo das quatro da tarde – menos na Copa que esse negócio de fazer tabela e olhar para as escrituras não combina com "fifa standards". Mas, deitado no jardim, olhando as belezuras todas, aposto e guardo: O homem estava pensando se vale a pena jogar com ou sem pontas de ofício.

Dito isso, mais uma verdade máxima, queria fazer pequenas digressões sobre o time nacional. Gosto dos poemas, das histórias outras que envolvem o jogo e tenho cá com meus botões que o jogo no campo, lá embaixo, é só uma grande desculpa para o resto. E por isso costumo ser péssimo em avaliações táticas, em quatro quatro três, quatro três dois um zero. Erro a conta, sempre. Mas gosto de bancar algum entendimento, como todos, aliás. Para mim o futebol mais simples do mundo – e eficiente – é aquele que tem gente certa no lugar certo. Tipo Valdir, Getúlio, Oscar, Dario e Marinho, Almir, Renato e Everton ou Heriberto ou Assis, Paulo César, Serginho e Zé Sérgio. Com o Zé ganhando o motorádio. Simples, bonito e batata.

Mas vamos ao esférico. No campo fizemos jogos regulares, e só. A primeira partida foi bem razoável se pensarmos que era estreia e teve Oscar fazendo uma boa exibição. Pela ponta, no ataque. E no meio, compondo, marcando, sendo. Foi naquele jogo a diferença e o parceiro para Neimar, que fez uma partida tranquila, mas chamando a responsabilidade. Se Paulinho não foi bem e Daniel, idem, se a impressão deixada é a de poderíamos melhorar, o fato é que contra os croatas mostramos credenciais: sorte, talento e alguma esperança. A nota fatídica, e se mostraria fatal durante o torneio, foi a apitada amiga do juizão na penalidade de Fred, cônico no mais. Depois daquele trinar as arbitragens foram nossas piores inimigas, para o bem e para o mal.

Contra o México tivemos uma exibição pífia e medrosa. Mas Neimar destilou aquele veneno da confiança e seu talento ficou ali nuzinho da silva como o acalanto: uma hora ele decide. Contra os Camarões tivemos uma exibição... fugaz. O time camaronês era de uma ruindade cósmica e qualquer resultado que não fosse uma boa vitória seria frouxidão. Passamos por cima, com sustos – porque o empate africano ainda teve bola na trava na sequencia. Mas com Neimar fazendo dois goles e assumindo o tal protagonismo. Mas a verdade é que Paulinho, Daniel e Oscar desapareceram. E Fred, que fez gol inclusive, passou mais uma vez a impressão de espectador.

A partida contra o Chile foi nossa pior surpresa. Um time perdidinho e um treinador completamente atônito. Não foram os choros, não, senhoures e senhouras, o fato denunciador de nossas dificuldades. Foi o restante todo, principalmente depois do primeiro tempo, principalmente depois do gol. Neimar tomou uma entrada dura e manquitolou. Com dores, não foi o mesmo. E aí apareceu a dificuldade atroz do time: a bola não dialogava mais na meia cancha. E o desaparecimento de Oscar foi definitivo. Mas a camisa este lá e Júlio César resolveu. Adiantou-se como Rogério, mas como é copa, amigos, tudo vale... Júlio foi bem e pronto.

Já a Colômbia nos divide. Alguns consideram grande a exibição. Entre eles um estranho PVC na ESPN Brasil (de longe a cobertura mais correta, interessante e bonita da copa), que resolveu ser escudeiro do treinador qualquer que fosse a dança. Outros destacam as dificuldades do fim do jogo. E Neimar, fora. O time fez um bom primeiro tempo. A Colômbia medrou, respeitou a camisa do outro lado e na sombra não foi capaz de reeditar outros feitos na copa. O time brasileiro, então, se firmou. A bola voltou a dialogar no meio. Oscar, sim, Oscar, voltou para a copa. Fernandinho e Paulinho, sim, Paulinho, trocaram passes, tempo e cadência. E Maicon no lugar de Daniel Alves foi a chave para dar segurança para a defesa e ajudar na composição rítmica do time. A exceção, Neimar. A partida do nosso dez era ruim, fraca. Sim, se apresentou, chamou o jogo, não se omitia. Mas não jogava. Algum desconforto. A pancada no jogo anterior talvez tivesse lá, doendo. Mas o time abusou da violência, um fato típico dos times de Felipão, com a complacência do árbitro. Faltinhas aqui, ali, acolá, daquelas que irritam. O juiz, nada, não amarelou ninguém. Os colombianos também subiram o tom e mesmo medrados batiam também. É verdade que nenhuma falta grosseira, mas o fato é que os marmanjos se estranhavam. Não ia acabar bem aquilo...

No segundo tempo, o pavor colombiano arrefeceu. Mas não oferecia perigos. Aí, saiu um gol que seria o de empate. A coisa desandou. Houve um impedimento, desses que só o vetê do vetê pode atestar, marcado pelo bandeirinha. Alívio. E logo depois, David Luís mandou um balaço, numa falta batida com esmero improvável, e caixa. Dois a zero. A vaga, o caneco.
Mas aí Felipão mostrou todas as suas limitações, evidentes. Poderia ter tirado Neimar, para poupar o jogador que visivelmente estava incomodado em campo. Poderia ter tirado Fred e testar um Hulk centralizado, para contragolpes. Poderia. Poderia. Mas fez os óbvios e Ramires no lugar de Paulinho ou Hulk, para “fechar” o jogo. Deixou Neimar lá, por medo talvez de ser criticado em caso de um empate – naquela hora absolutamente fora das probabilidades. 

O resto, sabemos. Um gol colombiano, de penalidade. Pressão, ainda que mais na base do bumba meu boi do que efetiva conquista de espaços, e aumento da violência colombiana, já que a rispidez acaba sendo sempre a muleta nessas horas. Neimar, estivesse bem, tinindo, talvez pressentisse o choque e se protegesse. Não saberemos nunca. O fato é que uma jogada maldosa, mas infelizmente corriqueira, resultou no inesperado. Neimar fora da copa. 

Para o próximo jogo, semifinal de copa, precisaremos de técnico. Precisaremos mudar o esquema de jogo. Talvez aí resida nossa grande chance e oportunidade. A bola precisa dialogar ali pelo meio. Oscar é fundamental para que isso funcione. E notem, tenho tanta simpatia pelo Oscar como tenho por um café gelado e ultra doce. Fred só faz sentido se a bola chegar. Já que não temos como fazê-la chegar, por falta absoluta de um Ganso, um Alex ou de um Neimar, talvez deixá-lo lá entre as cobras e lagartos da torcida e da imprensa seja inútil. Um cone, como foi até aqui. Talvez seja a hora de quadrados no meio, de triangulações, de conquistas de espaço pelo meio alemão, com calma. A correria é germânica. Nossa escola é outra e toque, recebe, Hernanes, Paulinho, Fernandinho e quiçá Willian. E Oscar, sim, Oscar. Lá do CT de Cotia os fundamentos, que vieram antes das traições. E Maicon. E treinar a pontaria do Hulk, que está mais descalibrada que pneu de bicicleta de criança. E uma rezasinha que ninguém é de ferro. Uma reza, macumba, quizumba, quizomba.

Eu jogaria de azul, também. Questão de gosto.



segunda-feira, 30 de junho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - Dez Mais Oito


"Tia....". Tia, não. Professora.

Nessas minhas manias de reduzir as cousas numa linguagem que eu possa entender, gosto de imaginar as Copas como um imenso interclasses, aqueles nossos campeonatos da escola, na época do ginásio.

Quem nunca entrou numa quadra, porque os campeonatos interclasses costumam ser de salão, num torneio que reunia da quinta à oitava, quando os pequeninos, recém saídos do primário, nem beijo selinho ainda, eram obrigados a enfrentar por essas tabelas desalmadas, aquele time da oitava séria, todo mundo no fatorial, barba, gazeta, fura olho?

O time da quinta era até muito bom. Pelota de pé em pé, saída de bola bem feita, cada um marca um, pivô e eteceteras e tals. Goleava impiedosamente naqueles recreios com futebol qualquer time e até faziam chacotas quando colocavam na roda os demais. Era impossível não pensar que seria sempre assim e ter esperanças. O time é bom.

Aí chega o campeonato. O interclasses. Onde moram perigos. Onde há torcida. Há beijos de recompensa. Há craques, prêmios, olhares de inveja e cobiça. Bola rolando e...

O fato é que o timaço da quinta série ganha uma, dá show e todos comentam que os meninos são colossais. Vão vencer qualquer obstáculo. Até que naquela partida decisiva, intervalo entre aulas, todo o colégio assistindo a peleja, um a zero, o time da oitava empata. No finzinho. Depois do grandalhão ter dado uma cusparada feia no chão, depois de uma dividida mais ranheta, depois de uma discussãozinha com o professor que é o juiz, porque não marcou falta naquela jogada ali. E antes do sineta, óbvio, o gol evidente do time mais experiente. Feito com calma, quando tudo já era coração. E foi daquele menino lá, justo aquele que eu queria ser, justo aquele lá que já ia receber o melhor dos beijos...

México, Chile e Colômbia devem saber na alma o que é este sentimento. Brasil, Alemanha, Argentina, Itália também sabem que podem resolver situações improváveis antes da sineta. As vezes não funciona, é verdade, mas é muito raro não funcionar para todos os times da oitava série concomitantemente. Eles parecem, inclusive, combinar entre eles quem vai ser o responsável por extirpar o coração do romântico do momento, furará os olhos como já furaram uma Dinamarca, uma Hungria, uma Suécia, um Chile, um México... uma Colômbia. 

Mas e a Espanha? Bom, a Espanha é aquele time de sexta ou sétima série, que vez por outra belisca o caneco porque os times da oitava se mataram entre si. Mas depois, no outro campeonato, ficam lá na ansiedade entre o pega-pega, esconde-esconde e o gato mia...

E... acabou de sair um gol da França. Numa pipocada do goleirão.
"Tia........".


Nota do Feiceditor: Sabemos que por força da LDB o ensino fundamental vai hoje até o nono ano. Que antiga quinta é sexta, a antiga oitava é nona. Mas a memória é minha então mantenho no ferro velho.



domingo, 29 de junho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - Dezessete


Devo ser uns trinta anos mais velho que o Felipe. Sou de 1972 e ele deve ser de 75, acho, creio, imagino. Camarada. Gosta de futebol como poucos e gosta de ler, o que torna nossa amizade fácil, porque eu escrevo como um desesperado querendo fugir um cadinho das ilusões, construindo outras. 

De humor fácil, torce para o Fluminense e tem aguentado bem as tirações de sarro sensacionais que estamos a lhe oferecer, aporrinhando por causa da meleca do campeonato do ano passado. Na nossa diferença de idade, o meu Fluminense de todos os tempos é o de Assis e Washinton. O dele, o de Renato Gaúcho e os times recentes, que ganharam alguma cousa, admito. Mas nossa maior diferença futebolística é a seleção.

Felipe é Romário. Para ele o escrete de 1994 reúne todas as condições para jogar no firmamento. Além do mais o técnico era Parreira, aquele do Flu de Assis. Já este velho senhor parou no tempo. A escalação é de um time que não ganhou uma copa. O treinador também jogou e treinou o Flu, num tempo imemorial de décadas e décadas anteriores à pisada na Lua. Esta diferença é, de certa forma, a peneira com que conseguimos analisar e olhar o futebol. Há aqui um encantamento diverso, que pode parecer só uma questão poética, mas sabemos que não. 

A nostalgia, e convenhamos que 1994 já se pode considerar nostalgia, é um sentimento que alimenta, apaixona, nos faz fazer músicas, canções e saudades. Saudade é a palavra de nossa língua que tem um sabor diferente, aquele cheiro de café sendo coado enquanto esperamos a fatia de pão. Mas ela também nos paralisa, em muitos aspectos. Ficamos muitas vezes ali naquela tampa de refrigerante Gini, chutando contra uma parede que não existe mais.

Por isso, mesmo tendo um outro time, um outro time, o mesmo Parreira, é verdade, os olhares e percepções - e a forma de torcer - tem uma cor diferente. As vezes antagônica, assustadoramente antagônica. As vezes complementar. Sempre uma cerveja, uma porção de colesterol e umas outras cervejas e estaremos ali, no eterno mesa redonda futebol debate de nossos eternos domingos a noite, mesmo sendo segunda feira.
O bom desse feiçobuco é que a gente pode dinamitar essas bobagens, explodir como biribinhas. Que se a falta da cerveja é um problema, aqui se dilui um cadinho. 

Mas copa é copa. E o Felipe é desses tarados compulsivos. Comprou zilhares de ingressos, torrou ordenados em passagens, quase não drome para entrar no sítio da Fifa e põe na pilha todo mundo: "Porra, é copa!". Ele quer, certamente que quer, que Alemanha, Holanda e Argentina (exceto a final, por razões de uma evidência solar), sigam no torneio. São as potências do futebol. E a copa é a hora do tira teima. E nosso time pode ganhar. Com Romário ou Neimar, temos chances sempre. 

Mas o que eu torço mesmo, pelo Felipe, sincera e honestamente, é ter um jogo da Argélia com ele lá na arquibancada. Ganhando ou perdendo, naquele canto todo de parece o comemoração de fim do mundo. Que o México todo cante e que voem bigodes, zapatas. Com o Sócrates batendo no cantinho de Zoff. E a Suíça, assim como naquele mundial para imberbes menores de dezessete anos, lá na Nigéria, já no nostálgico 2009. consiga o feito heróico de derrotar o time com Neimar, que no caso desta copa, o time de Messi.

Pode parecer pouco. E pode até ser que não. Mas é assim mesmo.

sábado, 28 de junho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - Quinzão


Há certas cousas no mundo que deveriam ser tratadas com muito mais seriedade. Sim, digo dos programas de solidariedade internacional e das redes de proteção internacionais tentando mitigar o sofrimento de muitos, refugiados, expatriados, perseguidos. O combate intransigente contra a intolerância: de gêneros, de religiões, culturais, étnicos. E deveríamos cuidar mais, dentro desta lógica, de nossas identidades culturais, de nossas construções históricas - não só as construções com pedras, cimentos, argamassas, compasso, tijolo, cálculo, engenharia e tais - mas todas as construções que são fruto de nossa história: o samba, a valsa, o amor, a serpentina, a bola... o futebol.

Eu não entendo porque não é a ONU que organiza o futebol pelo mundo. Simplesmente não entendo. A ONU não é lá essas cousas, a gente sabe, tem muito mesmo o que melhorar, aprimorar, ser. Mas é uma construção importante, ao menos um indicador de que outro tipo de mundo seria possível, que outros mecanismos para resoluções de conflitos seriam necessárias, que não precisamos mais só de guerras. A ONU é um sonho. Mas é.

A FIFA é um balcão de negócio, principalmente depois que Havelange, aquele um que deveria ser esquecido pelo tempo e destinado ao ostracismo que nem o inferno é, é só esquecimento. Um pulha, com todo o perdão aos mais sensíveis e à família do cara. A federação deixou de ser o que Jules Rimet pensou um dia para ser só mais uma dessas multinacionais globais, cuja a pátria é só o crédito na conta de acionistas ou fedores assim. E o pior, a casa de tolerância monetária "organiza" uma daquelas paixões mortais que nos identificam como seres humanos - e, portanto, nos aproxima do sobrenatural, das deusas e deuses. Organiza e monopoliza um bem cultural da humanidade. E isso é lamentável, como processo histórico, político, econômico e cultural.

O futebol parou guerras e foi fundamento para outras. Mas não estamos falando só de um esporte que alimenta paixões. Estamos falando de nós. Estamos num Celtic versus Rangers. Estamos criando. Desde as regras simples do jogo, passando pelas inúmeras possibilidades que um time de onze jogadores, mais onze reservas, podem criar. Não é só para brutamontes, como vários outros desportos que necessitam da força física e do sobrepujar quase a morte o outro. Não é só talento e habilidade com os pés, senão não teríamos esta profusão de heróis cabeças de bagre, mas raçudos, onipresentes, volantes que desarmam e avantes que marcam com canelas, bicos de pé, púbis ou sei lá mais. Estamos a conversar e a construir, epopéias, vexames, desgraças, vitórias, derrotas, frangos, aritméticas, geometrias, sambas, livros, filmes, criação!!!!

A primeira fase da Copa no Brasil revelou muito disso. Que apesar dos fuínhas da federação, com suas echarpes no calor, com seu cheiro de colônia vencida, com seus arrotos, apesar dos cartões de crédito, dos bancos, das empresas de televisão, flui algo outro, que nos encanta. As histórias e as narrativas da copa de verdade, nas ruas, nos países, nos povos, no campo é fantástica. Sugiro aos mais incautos que persigam estas crônicas e relatos na copa em sítios como o Impedimento ou o Trivela. A história do garoto escocês que adora o atacante grego Samaras e o comovente depoimento do jogador sobre esta amizade. A façanha de Mondragon, o arqueiro cafetero que acaba de se tornar o jogador mais velho a atuar em um mundial, em três, na verdade. Drogba, que parou uma guerra em seu país. Eto se comparando a Obina e depois abraçando um moleque brasuca só pelo abraço. Das ruas de São Paulo, a cidade mais mau humorada do planeta as vésperas do mundial tomadas por uma intensa felicidade que se explica só e só pela bola, a esfera, a redonda, a menina, o balão. Do Maracanã, que vilipendiado, renasce num grito latino de chilenos,argentinos, uruguaios, colombianos e equatorianos. Do navio repleto de mexicanos. Das histórias de We Are The Bangladeshi Fans of Brazilian Football team, um país que não está na copa mas se reúne para falar, discutir, apreciar e se deixar encantar.

Do desespero dos conservadores americanos, porque lá nos States é o futebol que começa a despertar a multidão. Imaginem, no centro desta cultura mercantil, da vitória dos mais fortes, começarmos a apreciar o futebol como arte, como manifestação, como brinquedo e entenderemos as razões profundas deste temor. O futebol é outra cousa. E por isso mesmo não poderia ser tratado como simples mercadoria de gôndola.

Oxalá entendamos esta beleza e suas possibilidades, de fato infinitas... Merecemos. E muito.

A Fifa? Que vá a merda. Que é o seu lugar.

 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - Sete


Imagino jogadas, fantásticas e imodestas, todo tempo. Meu cérebro tem uma sala para jogos imaginários, certamente. Todos sabem que isso é um perigo, quase um catálogo de psiquiatria. Alguns até ensaiam algo como "não se pode viver o tempo todo em fantasias, cuidado." Talvez.


Mas ontem, na peleja de Fortaleza, a única jogada que me arrancou sorrisos eram as narrações da rádio Popular AM, a rádio que funciona ininterruptamente nas minhas digressões mentais. A equipe esportiva da Popular é muito boa. e é liderada por mim mesmo. Leonino até nas manias acha que o mundo é quem deve trocar a lâmpada.


Pois bem, a bola sairia dos pés de Rogério Ceni, num lançamento maravilhoso, que Rodrigo Caio resvalaria de cabeça deixando Magno Alves na cara do gol. O atacante do Ceará, um dos maiores artilheiros em atividade no Brasil, experiente, rodado, com uma simplicidade dos imortais, manda a pelota para o fundo da meta de Ochoa. "Goooooooooolaço! Um lançamento miliméeeeeeeetrico de Rogério, a inteligência de Rodrigo Caio e a bola chegou para o Magno Alves, que bateu firme, inapeláaaavel, indefensável!!!!". E eu chamaria os repórteres de campo que enfatizariam a comemoração de Magno Alves junto a uma bandeira do vovô que tremulava nas arquibancadas do Castelão. 


Sabemos todos que esse lance nunca mais aconteceu. Que depois de imaginado, narrado e comemorado, tal qual broa com café, foi degustado e pronto. A vaca fria estava lá, no zero a zero eterno, mais um desses jogos que podem rolar até o fim do mundo sem romper placares, naquelas virgindades eternas de novela das seis. Quem espera príncipes, tende a enamorar sapos.


Na toada que vamos temos um meio campo terrivelmente triste. Exceto o bom Luiz Gustavo, temos incógnitas. A maior delas é aquele que deveria ser motor do trem todo, Paulinho. Talvez tenhamos que mudar um cadinho as cousas pela família. Mas quem lembra de Kléberson no mundial da Ásia sabe que o técnico da seleção, se não tem muitas cartas na manga, tem uma sorte de bingo de quermesse. 


Outra cousa que precisa de um "pára que tá chato" é o birinaite do hino. A patriotada lá na Copa das Confederações teve um saborzinho de confeito, bom mesmo. Agora me parece um repeteco um tanto desnecessário, quando não uma muleta para justificar defeitos como insegurança e despreparo. Enquanto o estádio canta o hino os jogadores poderiam mesmo pegar fogo e não ficar naquele chororô com cara de comercial de margarina, meio que enredo de pastiche com narração em off do Galvão Bueno. 


Mas que a copa está muito boa, está. O povo da rádio Popular tá numa felicidade que dá gosto. E o programa especial sobre as remoções causadas por causa da copa foi muito bom. Tem festa mas tem rabo. E feio. Foi tão bom quanto o programa que falava do engajamento dos principais jogadores da seleção brasileira nas discussões sobre o calendário e organização do futebol brasileiro, com uma entrevista com o Alex do Coritiba e camisa dez do time nacional foi digna de boa nota, muito boa. Sem contar a recusa dos jogadores em cumprimentar Marin, aquela excrescência que avilta nossa memória, nossa história, nosso futebol.


Mas... enfim... a entrevista do Magno Alves foi fantástica, com direito até a um Fágner cantarolado numa sala de imprensa enlouquecida. Uma seleção assim, desse jeito, ninguém poderia imaginar.


Só na Rádio Popular.

domingo, 15 de junho de 2014

Amaraladas na Copa 14 - IV


Há sempre um cagaço monstruoso acerca dos primeiros jogos de uma copa do mundo. Porque o calendário maluco do futebol mundial coloca a copa no final dos campeonatos de quase todo o planeta. Jogadores baleados, contusões a granel, tornozelos no gelo, joelhos na cristaleira. A ausência de jogadores importantes, de raros talentos, ofuscam a competição e tornam alguns jogos verdadeiros festivais de pedrinhas, de muxoxos e de retrancas federais, com o medo do medo: da derrota e do gol.

Os ternos da federação internacional conseguem ver cifras, contas bancárias, sigilos fiscais, mas não conseguem enxergar o óbvio dos óbvios: a copa deveria ser mágica, sempre. Deveriam imaginar que se um extraterrestre escolhesse algum festival, alguma festa, que definisse um povoado como a Terra escolheria a copa, o futebol, a bola na rede, esta febre infantil que faz meninos. E meninas, sim.

Mas não. Esses ternos, do alto de sua capacidade empreendedora, de sua visão privilegiada do mundo dos negócios, com sua altivez de comerciantes modernos, conseguem destruir essas pinturas como rasgando almas, matando índios. E a copa, ora a copa, é só mais um negócio.

A sorte do mundo - e da galáxia - é que a bola é um universo diferente de tudo. Ela tem um próprio, uma vontade alheia ao resto, uma certeza de deusa que cria, gesta, ama, sorri. E é ela que escolhe heróis, histórias, amores, vexames. A bola, por uma dessas estranhezas que só as maravilhas podem explicar, tem com os brasileiros uma relação especial, especialíssima, duradoura. Escolheu uma nação assim, de índios e negros explorados, espoliados, mas que tem quizumbas, quilombos, festa de São João, carnaval, terço, orixás, cristos, sexo e cauim, para amar febrilmente - e, as vezes, sem ter a reciprocidade dos amantes. Uma paixão lasciva como um lançamento de Gérson. Escale a seleção de 38 e note: há ali Leônidas. E há um gol descalço. Um gol descalço, senhoures e senhouras!

Por isso, neste quarto dia de copa, noto uma centelha de esperança. Porque se fizeram o que fizeram e fazem por aí, a dinamitar o Tejo de cada um de nós, a bola vai lá e cochicha ao boleiro: "Camarada, meu caro, a copa é lá na terra de Didi e de Garrincha. Não façam galhofa e tratem a pinimba com esmero.". E Robben, que deve falar a língua da bola, que deve dormir com a menina embaixo do travesseiro, resolve mostrar ao mundo que a retranca, na copa no Brasil, não tem muito sentido, não tem razão alguma. E o medo de perder - notem a grandiosidade desta conclusão absoluta - dá espaço para o prazer do gol. E estamos na melhor média de goles desde a copa de 54, quando os esquemas táticos tinham um monte de numerozinhos, mas cinco atacantes. 

A partidaça de Campbell, da Costa Rica, no jogo de ontem, a beleza de Pirlo, a graciosidade de Giovani dos Santos, a virada comandada por Drogba, só porque ele estava em campo, sem quase tocar na pelota. A copa está na parábola que acabará na cabeça de Van Persie e dará uma cambota nos ares antes de ultrapassar Cassilas. "Goooooool".

E há um sorriso redondo numa moça redonda num mundo redondo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Las cosas cambian




Uma festa de arromba sempre é povoada por uma fauna composta por tipos diversos que compõe a história final que vai ser contada, por muitas gerações, sobre aquele pequeno espaço de tempo. Dos eternos candidatos a reis e rainhas do baile, àqueles de quem pouquíssimos lembram a presença, existe toda uma constelação de tipos improváveis, belos, extravagantes, enfim marcantes.

Chegando à capital potiguar, terra do monumental Câmara Cascudo e do guerreiro time do Alecrim, percebi que os meus 20 anos afastado dessa boa cidade tinham me transformado num alienígena. Então saquei uma anotação do bolso e rumei para a barraca do carangueijo na Ponta Negra.

Em folhas de papel manchadas pelo óleo do peixe frito comecei a esquadrinhar algumas linhas: o México, paixão minha desde moleque, parecia dotado de uma bendição que no fundo era uma maldição; vamos lá: com quinze participações em Copas (fato que a torna a quinta seleção que mais participou do certame), o México era aquele cara da turma que jamais furava, não ameaçava ninguém (os expoentes-mór Hugo Sanchez e o longevo Carbajal não me deixam mentir), sempre trazia a seleção mais animada e agradável de cada Copa e nas duas vezes que tratou de organizar o certame, o fez no mais lindo dos palcos, o Azteca e elevou definitivamente Pelé e Maradona ao grau mais alto de suas carreiras. O México era o cara mais legal da turma.

Por outro lado, Camarões não merecia uma nota menor; em sua sétima participação, Camarões inaugurou nas nossas cabeças o encanto e o temor de que todo um continente cor de ébano estava chegando com suíngue, malícia e habilidade e que o futuro do futebol jamais seria como era até então. Isso em 1990, quando o esquadrão do vovô Milla derrubou, de cara, os argentinos, bateu a carteira do histriônico Higuita e fez o mundo sonhar por muitos dias.
Enfim, se o México é eternamente o cara legal da turma, Camarões é um daqueles novatos ousados, abusados do grupo, daqueles que todos sabemos que um dia pode virar o rei do baile.

Rumo para o salão de bailes, digo, a Arena das Dunas e a frente do estádio é uma festa só; sombreros mexicanos, perucas e buzinas fazem um torto arranjo musical com tambores africanos de camaronenses e outros africanos que se juntaram à festa, enquanto a população de Natal vibra generosamente o sonho aguardado por muitos anos.
Começa o jogo e o panorama para os mexicanos é muito menos festivo do que parecia há instantes atrás; classificada graças a dois goles sobrenaturais dos gringos, que os mandaram para a repescagem, a “Tri” era hoje um time cheio de marcas, retranqueiro, brigado com seus maiores craques, Chicharito e Giovanni dos Santos. Os Camaronenses, depois de terem começado a sua caminhada com uma manobra “fluminística” que eliminou o Togo e terem se reconciliado de vez com Eto´o jogava com leveza, logo arrebatando os corações potiguares.

O jogo travado em seu meio de campo e cheio de faltas parecia rumar para o fim, quando ele, Samuel Eto´o achou um espaço após uma finta desconcertante no veterano Rafa Márquez e fuzilou; Camarões 1x0 México. Fim do primeiro tempo.
Intervalo de jogo e foi anunciada a entrada do mascarado Chicharito. Poucos aplausos entre os mexicanos.

Começa o segundo tempo e o que se vê é uma partida de um ataque versus uma defesa. Os africanos avançam como guerreiros, enquanto os mexicanos totalmente retraídos tratam de evitar o pior. O travessão mexicano é impiedosamente alvejado, mas pela Nossa Senhora de Guadalupe, permanece inexpugnável. O calor castiga as duas seleções.
Aos 28 minutos do segundo tempo, num rápido contra-ataque, Paul Aguilar toca para Raul Jimenez, que avança e tabela com Peralta, que bate sem defesa para o goleiro camaronense. Empate em 1x1.

Reiniciado o jogo e reiniciado o massacre camaronense, impiedoso. Idrissou, Eto´o, Emanah, parecem gladiadores arremetendo contra uma defesa mexicana perto da exaustão, até que aos 42 do segundo tempo, o inacreditável.....Peralta tocou para Pena, que viu Chicharito livre e lhe mandou um passe açucarado....la “arvejita” passou batido por Song num lapso de segundo e tocou na saída do goleiro Assembe, para de maneira fantasmagórica virar o jogo para México 2x1 Camarões. Estava finalizado o jogo.
Imparcial é o raio que o parta e eu que já não conseguia conter as minhas lágrimas, fui prontamente acolhido por um bando de mexicanos incrédulos, exaltados, também com lágrimas nos olhos, ao que disse a um deles: “ustedes no decian siempre que “jugavan como nunca y perdian como siempre”, bien, hoy ustedes no jugaran nada y ganaran como nunca”. Abracei fortemente a todos e me fui. Arriba México Cabrones!!!

Resultado final : México 2x1 Camarões (Peralta, Chicharito e Eto´o) . Arena das Dunas. 13.06.2014

Álvaro Larrabure Costa Corrêa

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

UM CORPO QUE CAI


Fuga espetacular de Paulo Henrique. Carro do suposto assassino de Oscar no meio do Tietê, vazio. Vivo ou dissolvido nas águas do rio? Ausência do técnico na coletiva. Paradeiro desconhecido. Presidente da Confederação estatelado na Rua Victor Civita. Internado.
Os acontecimentos prenunciavam uma partida sob clima pesado no Castelão. Daí minha surpresa ao ver a seleção jogar de forma tão leve e prazerosa. As ausências acrescentaram muito ao time. A torcida uma festa só. Contra todas as probabilidades, até eu estava feliz e sereno. O México tampouco ficou de fora do clima alvissareiro. Conjunção tão inusitada de fatores levou a um não menos inusitado placar: Brasil 5 x 5 México. Vaga, só no terceiro jogo. Veloz para o aeroporto. Bom-humor em Fortaleza não dura muito.


___________

Ps: Notas de rodapé, por Amaral.

 Brasil 5X5 México - (não temos a ficha técnica dos goles... foi tão fantástico que ninguém anotou) - 17.12.2014 - Castelão, Fortaleza.

Alguém, um dia, escreveu sobre o Zécons, o autor deste relato surrealista do prélio da canarinho...:
http://osbolonistas.zip.net/arch2005-11-01_2005-11-30.html#2005_11-17_17_46_48-100696263-29